Estudantes e recém-licenciados da Escola de Enfermagem (Porto) da Universidade Católica Portuguesa estiveram numa missão de voluntariado no Quénia. Joana Ramos, Inês Soares, Francisco Nogueira e Inês Oliveira estiveram no Tigoni Level 4 Hospital, onde puderam aplicar muitas das ferramentas e competências adquiridas ao longo da licenciatura - da sólida formação técnica, às competências humanas e transversais. Uma experiência de voluntariado muito marcante, não só do ponto de vista da Enfermagem e das diferenças sentidas no serviços e recursos hospitalares, como também do ponto de vista cultural.
A experiência de voluntariado, promovida pela VolunteeringSolutions – MedicalCare Program, decorreu durante três semanas em agosto. Todos estiveram em missão hospitalar e todos descrevem uma experiência “inesquecível”.
“A empatia e o respeito pelo outro foram aptidões ensinadas pela Universidade Católica.”
Joana Ramos, estudante de Enfermagem que sempre teve o sonho de realizar voluntariado internacional em África, explica que teve “a oportunidade de ajudar os profissionais de saúde assim como demonstrar algumas práticas de Enfermagem diferentes que se praticam em Portugal.” Sobre os grandes desafios, Joana Ramos afirma que “ainda há pouca informação sobre a boa prática de enfermagem e como utilizar estes recursos para gerar cuidados adequados à população.”
“Como Enfermeiros, uma importante característica é a criatividade. Durante a licenciatura fui percebendo a importância desta, no entanto, durante a experiência de voluntariado, devido à falta de recursos, a criatividade foi fundamental. Além disso, na Licenciatura em Enfermagem da Escola de Enfermagem (Porto) da UCP, adquiri todas as competências fundamentais para esta experiência de voluntariado no Quénia. Toda a formação técnica que vamos adquirindo ao longo dos anos preparou-me para conseguir prestar bons cuidados de Enfermagem. Ainda assim, a empatia e o respeito pelo outro foram aptidões ensinadas pela Universidade Católica no decorrer na minha formação”, partilha.
“A formação técnica sólida da Católica preparou-me para atuar em ambientes clínicos de forma a dar sempre a maior qualidade dos cuidados.”
Inês Soares, recém-licenciada em Enfermagem, também esteve no Tigoni level 4 Hospital e explica que a sua missão passou por “prestar apoio em várias frentes na área da saúde”. “Participei na administração de medicamentos e realizei pequenos procedimentos na medicina. Quando estive inserida na maternidade e pediatria pude ajudar no pós-parto e nos cuidados às crianças. A experiência foi desafiadora, mas extremamente gratificante, pois pude aplicar meus conhecimentos para melhorar as condições de saúde das comunidades locais e ajudar aqueles que mais necessitavam”, afirma.
“Outro desafio significativo foi a frustração ao ver que, em alguns momentos, os recursos médicos estavam disponíveis, mas não eram utilizados adequadamente por falta de conhecimento ou formação. Como enfermeira, foi difícil lidar com essa realidade, pois sabia que muitos problemas poderiam ser resolvidos de forma mais eficaz se houvesse uma melhor compreensão sobre o uso dos recursos disponíveis. A falta de educação e acesso a informações básicas sobre saúde foi, sem
dúvida, um dos maiores obstáculos, impactando diretamente a qualidade do atendimento prestado às comunidades”, explica.
Inês Soares partilha que “durante a Licenciatura em Enfermagem adquiri várias ferramentas e competências que foram cruciais para a minha experiência de voluntariado no Quénia. Primeiramente, a formação técnica sólida, que me preparou para atuar em ambientes clínicos de forma a dar sempre a maior qualidade dos cuidados. O conhecimento sobre cuidados de saúde primários, triagem e a capacidade de realizar intervenções rápidas e eficazes foram habilidades fundamentais, especialmente num contexto onde a urgência e a falta de materiais eram constantes. Além disso, a UCP destacou-se por ensinar a importância da humanização dos cuidados, algo que apliquei diariamente ao lidar com pacientes em situações de vulnerabilidade. A empatia, o respeito e a capacidade de comunicação, ensinadas durante o curso, permitiram-me estabelecer uma relação de confiança com as comunidades locais, muitas vezes superando barreiras culturais e linguísticas.”
“Aprendi a dar mais valor ao que tenho.”
Francisco Nogueira, estudante de Enfermagem, partilha que a licenciatura em Enfermagem na Católica foi preponderante para esta experiência de voluntariado no Quénia: “Primeiro as competências ao nível da comunicação que nos ensinam foram extremamente úteis e permitiram-me comunicar sobre temas de saúde com diversos profissionais numa língua estrangeira. Ao nível das competências humanas, permitiu-me perceber algumas falhas e perceber alguns benefícios nos cuidados de saúde prestados no Quénia, alguns que percebi que eram apenas diferenças culturais e outros que percebi que eram diferenças nas práticas. Ao nível profissional, permitiu-me ajudar e observar os diferentes procedimentos. Ganhei uma nova visão quanto a alguns procedimentos.”
“Para além disto, aprendi outra lição. Que mesmo num país em desenvolvimento, as pessoas eram mais humanas do que no nosso país. Havia mais ajuda, mais cooperação entre eles e isso é algo que se vê pouco em países desenvolvidos”, partilha. “Acho que aprendi a dar mais valor ao que tenho”, conclui.
“Desafiante, transformadora, enriquecedora.”
Inês Oliveira afirma que a experiência foi “desafiante, transformadora, enriquecedora”. Empatia e compreensão foram algumas das competências adquiridas durante o curso que a recém-licenciada pôde colocar em prática: “Empatia e compreensão, aprender a colocar-nos no lugar do outro, especialmente em situações vulneráveis. Capacidade de adaptação, enfrentar novos desafios em ambientes com condições diferentes e aprender a lidar com situações inesperadas. A Ética Profissional, garantindo um atendimento humanizado e respeitoso. Os cuidados centrados no utente, tendo uma abordagem focada não apenas nos cuidados de enfermagem, mas no utente como um todo, considerando as suas emoções e o contexto social inserido.”
Sobre a experiência e impacto desta na sua vida, a recém-licenciada em Enfermagem pela Católica afirma que “Não percebemos o privilégio que é morar no nosso país até vermos realidades diferentes.”