“O papel do enfermeiro no hospital é, sem dúvida, fundamental, mas não é o único caminho possível nem aquele que todos devem seguir.” – Sofia Teixeira, alumna da Licenciatura em Enfermagem e membro da rede Youth4Health do Gabinete Regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Europa.
Recém-licenciada em Enfermagem pela Escola de Enfermagem (Porto) da Universidade Católica Portuguesa, Sofia Teixeira integra agora a rede Youth4Health da Organização Mundial da Saúde para a Europa. Nesta entrevista, partilha como surgiu esta oportunidade, o seu contributo neste projeto e os momentos mais marcantes do seu percurso académico.
Recentemente integrou a rede Youth4Health do Gabinete Regional da OMS para a Europa. Como surgiu esta oportunidade?
No ano passado, no âmbito do Ensino Clínico de Cuidados na Comunidade, fiquei inspirada em perceber que outro tipo de agências e instituições prestavam serviços de apoio às comunidades vulneráveis, relacionadas com os cuidados de saúde. Esse interesse aprofundou-se quando participei como voluntária numa instituição ligada à União Europeia, o que me permitiu conhecer de perto o impacto de iniciativas transnacionais.
A partir daí, comecei a procurar oportunidades internacionais e descobri a rede Youth4Health, que, na altura, estava à procura de novos membros. Candidatei-me e tive a felicidade de ser selecionada.
“O meu contributo passa por levar para a mesa tudo aquilo que aprendi em enfermagem, colocando sempre a pessoa no centro das decisões.”
Como é que imagina o seu contributo nesta rede?
A Rede Youth4Health tem como objetivo aproximar a Organização Mundial da Saúde dos jovens europeus, promovendo um diálogo real e representativo. Através da partilha das nossas perspetivas sobre as políticas de saúde discutidas a nível internacional, procuramos garantir que estas não sejam apenas pensadas por e para decisores políticos, mas também para os jovens que serão diretamente afetados por elas, sendo que estes são uma população cuja voz, infelizmente, nem sempre é ouvida.
O meu contributo passa por levar para a mesa tudo aquilo que aprendi em enfermagem, colocando sempre a pessoa no centro das decisões. Mais do que falar de doenças, quero falar de pessoas. Acredito que ainda há muito trabalho a fazer, especialmente nas áreas relacionadas com minorias, como mulheres e pessoas imigrantes, e é nesse campo que pretendo atuar com maior enfoque. Quero, desta forma, contribuir para políticas de saúde pública que respondam às reais necessidades destas populações, tanto a nível nacional como internacional.
“A educação e promoção da saúde, a saúde pública e os cuidados antes e após a doença ou internamento são áreas igualmente essenciais e fazem parte da nossa missão.”
Que conselho gostaria de deixar aos futuros estudantes de enfermagem?
A enfermagem é uma das profissões mais versáteis que existem e vai muito além do contexto hospitalar. É importante não ficarmos presos à ideia de que ser enfermeiro é apenas administrar medicação ou dar injeções.
O papel do enfermeiro no hospital é, sem dúvida, fundamental, mas não é o único caminho possível nem aquele que todos devem seguir. A educação e promoção da saúde, a saúde pública e os cuidados antes e após a doença ou internamento são áreas igualmente essenciais e fazem parte da nossa missão.
Estas dimensões não devem ser vistas como algo secundário ou como "tarefas que não nos cabem". Pelo contrário: são campos onde podemos ter um enorme impacto e onde a nossa presença é urgentemente necessária."
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