Artigo de Opinião por Luís Sá e Ana Barbosa, docentes da Faculdade de Ciências da Saúde e Enfermagem da Universidade Católica Portuguesa Porto.
A cultura do “herói incansável” deve dar lugar a uma cultura de cuidados de saúde mais sustentável.
Quem cuida também precisa de ser cuidado. No entanto, quando o tema é a proteção do bem-estar e da saúde mental dos enfermeiros, esta verdade continua a ser descurada. É uma contradição difícil de aceitar: os enfermeiros, que sustentam o sistema de saúde e acompanham as pessoas nos momentos mais vulneráveis, permanecem invisíveis quando o foco é o seu próprio bem-estar. Em Portugal, a enfermagem representa a maior força de trabalho no setor da saúde, com mais de 81 mil profissionais, segundo dados do INE referentes a 2022. Não obstante, o seu bem-estar continua a ser negligenciado. Esta omissão é grave e tem consequências reais: nenhum sistema de saúde sobrevive quando os profissionais que o sustentam estão exaustos ou doentes. A Organização Mundial de Saúde lembra-o de forma clara: investir no bem-estar destes profissionais reduz custos (até 2% das despesas de saúde) e, sobretudo, salva-vidas (ao diminuir os danos causados aos doentes, estimados em até 12% dessas despesas).
